No princípio criou Deus os céus e a Terra


Cristianismo – A fé impossível (Parte 2)
Outubro 15, 2008, 9:45 am
Filed under: Convicções / Fé

Ver Parte 1

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Como não começar uma religião no mundo antigo:

FACTOR 2 – UM SALVADOR… JUDEU?!?!

O mundo Greco-Romano era cheio daquilo que nós chamamos de preconceitos e estereótipos, aceites como “Grandes Verdades”! Jesus ter sido judeu é um facto que dificilmente poderia ter sido negado pelos primeiros cristãos, mas também era um grande impedimento para se expandir o Evangelho além dos próprios Judeus. Tentar trazer um salvador judeu para a porta de um cidadão romano teria tanto sucesso como levar um judeu à porta de um nazi. Embora o cidadão romano não recorresse, necessariamente, à violência, ele certamente iria rir da cara do evangelista ou fechar-lhe a porta na cara.

Os Romanos, naturalmente, consideravam as suas crenças superiores às de todos os outros. Eles também acreditavam que superstições (como o Judaísmo e o Cristianismo) minavam o sistema social estabelecido pela religião Romana. Hoje em dia, ateus e crentes podem debater livremente, mas naquele tempo um dos lados da disputa teria o Estado (e a espada!) ao seu lado – e no tempo em questão, não era o lado dos Cristãos!

Quando Paulo mencionava que era de Tarso e que tinha sido instruído por Gamaliel (Actos 22:3), não fazia isso por acaso. Ser de uma pólis grande como Tarso e ter sido instruído por um homem sábio como Gamaliel significava uma classificação de elevada honra para a pessoa que exigia direitos – isso pode ser comparado com os nossos conceitos actuais sobre “morar numa zona desenvolvida” e “tirar o curso numa boa universidade”! O Cristianismo tinha um sério impedimento no que diz respeito a esse aspecto: o estigma de um salvador que, inegavelmente, procedia da Galiléia – para os Romanos e Gentios, e não somente em território judeu.

Há outras extensões menores sobre este assunto dos estereótipos. Por exemplo, dar a Jesus a profissão de carpinteiro não seria o melhor a fazer. Colocar a história do nascimento de Jesus num contexto suspeito (nascer de uma virgem) onde uma acusação de ilegitimidade seria óbvia demais também constituiria um problema. A mensagem de Jesus era, também, contrária àquilo que as pessoas daquele tempo estariam à espera.

Perante estes senãos, como o Cristianismo emergiu, quando certamente deveria ter sido sufocado? O discurso e testemunho de Jesus deve ter sido algo realmente poderoso de modo a superar todos os preconceitos e estereótipos.
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Ver Parte 3

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11 comentários so far
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Por isso tudo, que se Paulo não tivesse existido, o cristianismo teria sido abafado. O verdadeiro “criador” do cristianismo foi Paulo, e não, jesus.
Tanto que Paulo, teve muitas discussões com os apóstolos. Justamente por modificar aquilo que os outros haviam presenciado. E este “modificado”, foi o cristianismo que prosperou.

Comentar por Ivan Carlos

“O verdadeiro “criador” do cristianismo foi Paulo, e não, jesus.”

Sim, foi Paulo que morreu e ressuscitou para salvar a Humanidade. Paulo é a razão do Cristianismo, sem dúvida.

“Tanto que Paulo, teve muitas discussões com os apóstolos. Justamente por modificar aquilo que os outros haviam presenciado.”

Explana isto, sff.

Comentar por alogicadosabino

Ivan Carlos,

Por isso tudo, que se Paulo não tivesse existido, o cristianismo teria sido abafado.

Supostamente. 🙂 Não há evidências para essa posição.

O verdadeiro “criador” do cristianismo foi Paulo, e não, jesus.

A Fé Cristã já existia antes de Paulo. Aliás, tal com mostra o livro dos Actos caps 7 a 9, Paulo era uma pessao que perseguia cristãos. Se Paulo foi o “criador” do Cristianismo, então como é que já existiam cristãos antes de Paulo?

Tanto que Paulo, teve muitas discussões com os apóstolos.

Sim, eles discutiram sobre vestuário, sobre o tempo e sobre quem é que ganharia as eleições no senado romano. Ah! Houve aquela vez em que Pedro virou-se para o Paulo e disse:
“ò Paulo, vê lá se compras tamancos novos porque os teus já estão totalmente gastos de tanto andares em missão.”
O Paulo disse “Epá, lá estás tu! Eu gosto destes tamancos e vou mantê-los por muito mais tempo, está bem?”

Gerou-se aí uma discussão que, felizmente, acabou a bem. Acho que esta era uma das “discussões” que tinhas em mente, certo?

Justamente por modificar aquilo que os outros haviam presenciado.

No entanto, Pedro diz que o que Paulo escreve vem de Deus.

II Pedro 3:15 e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada;
II Pedro 3:16 como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, mas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição.

Pedro chama Paulo de “amado irmão” e diz que os “indoutos” torcem o que ele escreve, tal como os mesmos indoutos torcem as outras Escrituras.
Portanto o teu ponto é refutado pelas evidências.

E este “modificado”, foi o cristianismo que prosperou.

“Modificação” essa que, segundo os líder da igreja primitiva, estava em pleno acordo com o que eles ouviram do Senhor, e de acordo com o Resto da Palavra de Deus.

Comentar por Mats

Acho que vc não entendeu bem, o “criador” (entre aspas) eu me refiro ao cristianismo “modificado” (também entre aspas) que perdura até hoje. É óbvio que eu não estava me referindo a quem morreu na cruz.
O querigma desenvolvido pelos primeiros cristãos, estava voltado para o evento pascal criando-se para o Jesus-histórico uma “identidade na contradição” ou seja, o “crucificado-ressuscitado”. Paulo através de sua teologia, “cria” então, para o “crucificado-ressuscitado” a condição de “homem-Deus”, já que suas cartas antecedem ao evangelho de João que caminhou na mesma linha, diferentemente dos demais evangelhistas.
Essa “unidade na dualidade” da consideração metafísica do ser de Jesus, desenvolvida primeiramente por Paulo, estimulou a perda de sensibilidade histórica do “crucificado´ressuscitado” (o Cristo pascal); que posteriormente, relacionada com o processo de helenização do cristianismo e influenciada pelo “status quo” produzido pela paz constantiniana, se faz sentir nas formulações da fé cristã.
A “identidade na contradição”, ora experimentada pelos mártires e pela igreja, então perseguida, fundamentada na teologia paulina e agora também joanina, muda o foco para a “unidade na dualidade”, que vai se estabelecendo entre o poder político e eclesiástico; vistos mutuamente como expressão de uma mesma autoridade, que funda a sua recíproca harmonizaçãp. O Cristo “segundo a carne” se torna o Cristo “enquanto homem”; o Cristo “segundo o espírito” é visto como o Cristo “enquanto Deus.”
Para reforçar um pouco mais ainda a minha visão dos fatos: acrescento que nem mesmo Jesus se colocou publicamente como igual a Deus; “mesmo porque como judeu, àquela época seria impensável tal posição” afirma o teólogo Luiz F. Ribeiro. Embora, isso não quer dizer que não houvesse uma autocompreensão de Jesus na qual ele se via como mais do que humano, uma autocompreensão messiânica, digamos. Seria essa uma possível explicação para o misterioso título “Filho do Homem”, aparentemente empregada por Jesus para designar a si mesmo.
Com relação às discussões de Paulo com os discípulos, elas vão bem além de vestuário e eleições, ou coisas do gênero. Elas atingiram pontos fundamentais para fé cristá, como a salvação, por exemplo; onde ele Paulo, e Tiago debateram veementemente, se ela ocorreria através da fé, posição firmemente defendida por Paulo, ou através de obras que Tiago era seu ferrenho defensor. E não chegaram a uma definição… , tanto que a igreja ficou “em cima do muro”, e optou por admitir que os dois estavam certos.
As discussões não pararam por aí, chegaram a um nível de Paulo ser acusado de leviano.
Eu vou parar por aqui para não lhe cansar. Mas eu volto!
Até mais…

Comentar por Ivan Carlos

Ivan,

Acho que vc não entendeu bem, o “criador” (entre aspas) eu me refiro ao cristianismo “modificado” (também entre aspas) que perdura até hoje.

Qual das crenças escritas nas Epístolas de Paulo não estão de acordo com o que os Discípulos ensinavam, ou com o que o Senhor Jesus Cristo ensinou?

Comentar por Mats

“nem mesmo Jesus se colocou publicamente como igual a Deus”

“30 Eu e o Pai somos um.
31 Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar.” (João 10)

“onde ele Paulo, e Tiago debateram veementemente, se ela ocorreria através da fé, posição firmemente defendida por Paulo, ou através de obras que Tiago era seu ferrenho defensor. E não chegaram a uma definição”

Um não subsiste sem o outro. Se aceitas pela fé os ensinos de Jesus, então vais certamente demonstra-los na vida pratica. Se não demonstras na pratica aquilo que dizes acreditar, então faz pouco sentido dizeres que aceitas os ensinos de Jesus.

Comentar por alogicadosabino

Não sacrifica, Sabino. Eu acho que fui bem explícito no meu comentário, quando me refiro à mudança de visão do “crucificado-ressuscitado” dos discípulos, para o “homem-deus” da teologia paulina, que depois veio a ser acompanhada por João.
E vc utiliza-se de uma passagem do evangelho de João para me refutar?

Comentar por Ivan Carlos

Mats,

Vale a resposta que eu dei pro Sabino.

Comentar por Ivan Carlos

Não estou a perceber ao que te referes com a “mudança de visão do “crucificado-ressuscitado” dos discípulos, para o “homem-deus””

Comentar por alogicadosabino

Nesse caso, vou precisar da tua paciência. E, para não te cansar, vou descrever em três etapas: dada a importância do assunto. Ok?

Ponto de partida: A RESSURREIÇÃO
O ponto de partida da fé e da reflexão cristã é a ressurreição do Crucificado. Certo? A “histótia cristã” nasce na Páscoa: ela certamente foi preparada pelas obras e pelos dias anteriores de Jesus de Nazaré. Mas essas obras e esses dias, até a hora suprema e obscura da cruz, teriam permanecido ambíguos e, em última análise, destituídos do significado que lhes foi reconhecido, se a história do Nazareno se tivesse encerrado para sempre na agonia e morte da sexta-feira santa. Paulo já o atesta num texto antiquíssimo (escrito na altura da Páscoa de 57): “Se Cristo não ressuscitou, então é vã nossa pregação e é vã também a nossa fé” (1Cor 15,14). A fé e o anúncio dos Cristãos se sustentam ou caem com a ressurreição! O evento da ressurreição de Jesus por parte de Deus é a virada decisiva que, apesar da continuidade, separa com originalidade absoluta o movimento cristão das preparações e expectativas da esperança de Israel, sobretudo das expectativas apocalíptico-messiânicas que influenciam mais do que todas, o mundo do NT. Compreendemos então porque o conteúdo das mais antigas proclamações e confissões de fé cristã tenha sido a afirmação simples e original: Jesus é o Senhor. A antiquíssima invocação da comunidade cristã aramaico-palestina (que podemos julgar nos tenha sido transmitida com absoluta fidelidade, porque é atestada em sua formulação originária num texto enviado a uma comunidade de língua grega) dirige-se ainda àquele que é o Senhor: “Maranatha: vem ó senhor!” (1Cor 16,22); pode-se ler também: “Maran atha: O Senhor vem! Mas não é só nos momentos catequético-culturais da vida comunitária que os primeiros critãos compreendiam sua fé na fórmula “Jesus é o Senhor”: substancialmente, o anúncio (querigma) tem, na sua origem a mesma formulação: “Saiba, portanto, toda a casa de Israel: Deus constituiu Senhor e Cristo, a esse Jesus que vós crucificastes” (At 2,36; cf. também 10,36). “Com efeito, não pregamos a nós mesmos, mas Jesus Cristo Senhor” (2Cor 4,5). Essas fórmulas têm uma estrutura bipolar: elas unem dois termos, e, neles, duas histórias: a história de Jesus, O CRUCIFICADO, e a do RESSUSCITADO por DEUS, contituído POR ELE Senhor e Cristo.
Observe que até então, Jesus não está igualado a Deus; nada se fala da natureza metafísica de Jesus.
Se vc concordar até aqui, a seguir exporei quando e como, houve a mudança para a visão cristã do Homem-Deus.

Boa noite!

Comentar por ivancarlos

Comecei ler hj essa série da veracidade da fé cristã.
Muito boa mesmo! 🙂

“Acho que vc não entendeu bem, o “criador” (entre aspas) eu me refiro ao cristianismo “modificado” (também entre aspas) que perdura até hoje. É óbvio que eu não estava me referindo a quem morreu na cruz.”

Saiu no ano passado (talvez retrasado) uma matéria de capa da revista Superinteressante sobre a questão (São Paulo traiu Jesus?).
Nas palavras de um amigo ateu, “Paulo foi quem tirou os aspectos judaicos da fé em Yeshua e transformou o Cristianimo nessa coisa bonita e moderna que ele é hoje.”

Pesquisei agora esse artigo sobre a veracidade das palavras do apóstolo Paulo:
http://www.vidanova.com.br/teologia_augu10.html

Uma questão interessante é: se Paulo “inventou” coisas novas, a ponto de dar o status de Deus a Jesus, por que ele morreu por essa fé?

Comentar por Fabricio Lovato




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